Se antes eles reinavam soberanos para quem queria evitar carregar muito dinheiro em espécie quando saía do país, nos últimos tempos os cartões de crédito parecem viver um limbo: com um mercado cada vez mais amplo de opções internacionais de débito, oferecendo taxas menores e praticidade na “recarga” dos valores, muita gente passou a usar o crédito tão pouco que até anda esquecendo de marcar a opção “viagem” no aplicativo do banco antes de embarcar para o exterior.
A ascensão do cartão de débito internacional tem razão de ser. Opções oferecidas por bancos digitais e fintechs como Wise, Nomad, C6 ou Inter abocanharam rapidamente o mercado graças a um IOF muito menor do que o cobrado no crédito – em 2024, a diferença é de 4,38% no crédito para 1,1% nas opções de débito. Na ponta do lápis, mesmo com o spread de conversão (que oscila de 0,99% a 2%, dependendo da empresa), em geral ainda acaba saindo mais barato do que comprar no crédito.
Essa situação tende a mudar nos próximos anos, já que o valor do IOF no crédito e em operações de câmbio (que já foi de 6,38%) vai baixar 1 ponto percentual por ano até zerar completamente em 2028. Enquanto isso não ocorre, porém, vale entender melhor em que situações os cartões de crédito seguem oferecendo vantagens para o viajante mesmo agora.
Crédito ainda é amigo contra as cauções
Se os cartões de débito costumam render taxas mais baratas e favorecer um planejamento financeiro, será que ainda vale a pena ter um cartão de crédito em mãos? A resposta é: sim. E não só para emergências – afinal, quando o assunto é viagem internacional, sempre é bom garantir que você não vai ficar desamparado se acontecer algum imprevisto pelo caminho, tendo múltiplas formas de pagamento, do dinheiro vivo às variedades de cartões.
Uma das principais vantagens envolvendo o cartão de crédito diz respeito aos depósitos e cauções que podem ser exigidos em alguns serviços no exterior, do aluguel de carro à hospedagem. Salvo algum acidente, esse valor é devolvido no final – mas, até lá, ele fica “bloqueado” no cartão.
No débito, você precisa “carregar” sua conta previamente. Isso significa que o dinheiro não vai poder ser usado durante todo o período em que a caução deixá-lo bloqueado – e pode levar vários dias até ele ser restituído. Com o crédito, esse problema é menor: o bloqueio também ocorre, mas conta para uma fatura futura e costuma ser devolvido antes do vencimento, sem impactar nas finanças imediatas.
Programas de fidelidade e pagamento “para depois”
Aliás, pensando em usos no dia a dia, uma data de vencimento mais distante no calendário é outra possível vantagem do cartão de crédito: em situações nas quais você está curto de dinheiro na hora da viagem, mas tem perspectiva de receber alguma quantia mais tarde, ele permite “empurrar” a conta para a fatura seguinte. Nos cartões de débito, por outro lado, é preciso estar com o dinheiro já depositado para poder usar aqueles valores.
Além disso, os programas de pontos e fidelidade podem conceder outras vantagens no longo prazo para quem usa o cartão de crédito, e as operadoras também costumam incluir atrativos como assistência de saúde e acesso a salas VIP em aeroportos.
O ideal, mesmo, é sempre contar com mais de uma forma de pagamento para não passar aperto, e utilizar aquela que fizer mais sentido pra as suas finanças na hora da viagem.
Fonte: Viagem e Turismo
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