Em razão de incidentes envolvendo dispositivos de bateria de lítio aquecendo ou pegando fogo a bordo, o transporte e uso de carregadores portáteis (power banks) em aviões vem sendo alvo de restrições. A seguir, explicamos o que motivou essa proibição, o que mudou e como os passageiros devem se comportar.
O que aconteceu
Recentemente, um voo da Air China (voo CA 139, de Hangzhou com destino a Seul) registrou um incêndio numa bagagem de mão, quando uma power bank superaqueceu cerca de 20 minutos após a decolagem. A tripulação conseguiu conter o fogo, mas foi necessário fazer um pouso de emergência no aeroporto de Xangai e o avião ficou parado no solo por cerca de seis horas.
Além desse caso, a companhia aérea Emirates anunciou que, desde 1º de outubro de 2025, estão proibidos determinados carregadores portáteis na bagagem de mão em todos os seus voos, citando aumento de incidentes com baterias de lítio.
Por que o risco?
- As power banks contêm baterias de íon-lítio, que, se danificadas, sobrecarregadas ou aquecidas, podem entrar em fenômeno de “thermal runaway” (uma parada de controle térmico) e pegar fogo.
- Dentro de um avião, o compartimento de bagagem despachada pode dificultar o acesso rápido da tripulação em caso de fogo. Já na cabine, o acesso é mais imediato.
- Uma vez iniciado um incêndio de bateria, os gases e o calor gerados podem comprometer a segurança da cabine, causar fumaça, danificar sistemas ou obrigar manobras de emergência.
O que mudou / regras principais
- Segundo a Emirates: cada passageiro pode levar uma power bank com capacidade inferior a 100 Wh; estes dispositivos não podem ser usados para recarregar aparelhos a bordo nem plugados nas tomadas do avião.
- As power banks devem estar na bagagem de mão, nunca despachadas.
- No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) permite baterias de até 100 Wh transportadas livremente na bagagem de mão; aquelas entre 100 Wh e 160 Wh dependem de autorização da companhia aérea; acima de 160 Wh são proibidas em voos comerciais.
- Algumas companhias aéreas podem aplicar regras mais restritivas, como visto no caso da Emirates.
O que o passageiro deve fazer
- Verificar a capacidade (em Wh) da power bank antes de viajar — muitos modelos exibem apenas “mAh”; para converter, é preciso conhecer a tensão (por exemplo, 3,7 V) e calcular Wh = (mAh × V) ÷ 1000.
- Levar a power bank somente na bagagem de mão, e não despachar.
- Evitar ligar, usar ou carregar a power bank durante o voo se a companhia proibir; verificar as regras da aérea.
- Não usar modelos de qualidade duvidosa, sem informações claras de capacidade, ou que apresentem sinais de dano (inchaço, superaquecimento).
- Guardar o dispositivo em local de fácil acesso para a tripulação em caso de emergência.
A utilização de carregadores portáteis durante voos, embora seja algo comum e aparentemente inofensivo, traz riscos reais quando se trata de baterias de lítio. O incidente recente da Air China serve como alerta: um pequeno dispositivo mal-usado ou defeituoso pode levar a um pouso de emergência e colocar em risco a segurança a bordo. Por isso, companhias como a Emirates já adotam regras mais rígidas. Ao viajar, o passageiro tem papel importante ao conhecer, respeitar e aplicar essas normas — garantindo a sua segurança e a dos outros.
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