Presidente da Latam prevê forte queda no preço das passagens aéreas

26 maio 2020 | Notícias

O presidente da Latam Airlines Brasil, Jerome Cadier, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o excesso de oferta e a limitação da demanda poderão derrubar o preço das passagens aéreas nos próximos meses.

1. Passagens aéreas mais baratas

Jerome Cadier acredita que o setor aéreo deve ter uma redução na demanda na ordem de 30% a 40% em 2021: “o passageiro a turismo vai ter menos economias e vai postergar viagens, enquanto o de negócios está encontrando outras maneiras de trabalhar como a videoconferência”, disse. Na outra ponta, o potencial das empresas aéreas para reduzir a oferta é baixo, já que um avião, mesmo parado, tem custo.

Nesse sentido, a combinação entre diminuição de passageiros e excesso de capacidade poderá resultar na forte diminuição dos preços das passagens aéreas. “Como a empresa terá se endividado para sobreviver à primeira onda, vai precisar colocar o avião para voar assim que for possível.”

Mas, deixou um alerta: “se a margem não for positiva no curto prazo, eu morro no médio prazo. Vai ser um cenário muito crítico. Quem não tiver custo baixo, não sobrevive. Talvez as empresas sobrevivam à primeira onda. Mas muitas podem desaparecer em 2021, 2022”, enquanto a demanda ainda estiver se recuperando.

2. Bilhetes mais flexíveis

Hoje as principais companhias aéreas do mundo estão oferecendo a remarcação gratuita de passagens compradas durante a pandemia. Foi o meio encontrado para reduzir a insegurança dos clientes e não ver as vendas zerarem por completo. Ainda assim, os viajantes estão resistentes, dada a incerteza quanto à evolução do número de casos de COVID-19 e da extensão das medidas restritivas ao turismo, como o fechamento de fronteiras, atrações, restaurantes e comércio, além da proibição de aglomerações. “O bilhete aéreo também precisará ficar mais flexível”, avalia Jerome.

3. Empresas mais eficientes

“A ineficiência vai ser inaceitável no pós-crise”. Hoje o setor trabalha com regras bastante restritivas. Um ‘legado’ positivo da crise seria justamente a flexibilização de algumas normas, como a maneira de remunerar o tripulante e de contratar mão de obra, além dos contratos com as empresas de leasing e com os fabricantes de aeronaves. “O tripulante no Brasil só pode voar 60 horas por mês. No Oriente Médio, 120. Lá é menos seguro?”, questiona.

Outro exemplo dado foi a ineficiência das avenidas aéreas. “Em todo o mundo, você tem uma linha ótima que é o trajeto do ponto A ao ponto B. Nos EUA, a vida real é 2% diferente da linha ótima. No Brasil, 8%. Isso significa mais tempo no ar, queimando combustível.”

4. Recuperação lenta e gradual do setor

O Presidente da Latam afirmou que o setor não vai desaparecer. “Apesar de ser um período difícil, a possibilidade de falência é baixa”. Especialmente se considerar as três maiores aéreas brasileiras juntas. Por outro lado, aposta que a recuperação será lenta e gradual. A Latam espera que a demanda chegue a 70% do que era antes da crise somente em 2021. “Serão cinco anos de recuperação”, avalia o executivo.

“Hoje estamos queimando combustível. A minha malha hoje não paga o custo variável. Os únicos países em que estamos operando hoje são Chile e Brasil, atendendo a uma demanda dos governos. O ideal hoje seria parar de voar”, lamentou.

Para Jerome Cadier, a linha de crédito prometida pelo Governo (que está sendo negociada via BNDES) será fundamental para as empresas sobreviverem à crise. “Sem isso, as empresas chegarão em situação de insolvência absoluta, precisando de auxílio mais contundente lá na frente”. O executivo falou um pouco mais sobre as negociações com o banco: “É equivocado considerar o valor das ações antes da crise, mas não é justo pegar o valor de hoje (com grande desvalorização na Bolsa). Tem um risco, e ele precisa ser remunerado além dos juros. O BNDES está propondo uma opção conversível em cinco anos. Em cinco anos, o setor se recupera. Foi bom trazer os bancos privados para chancelar a precificação. Acredito que vamos chegar em alguma diluição para os acionistas mas é longe do que está na mesa. Não tem que ser como foi nos EUA, onde o governo injetou US$ 50 bilhões, sendo metade doado, com uma diluição no pior dos casos de 3%. Estamos pedindo R$ 10 bilhões de crédito.”

5. Novos hábitos dos viajantes

O passageiro que voar daqui a um mês ou daqui um ano estará preocupado com a saúde e com a higienização a bordo, aposta Cadier. “Já adotar um espaçamento, deixando o assento do meio sem ninguém, custa muito, você não paga o voo. É reduzir a capacidade de 180 pra 120 assentos”. Por isso, se adequar aos novos tempos pode não ser tão fácil para as companhias aéreas, na visão do executivo.

Fonte: Portal Melhores Destinos


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