Como o seguro-viagem se tornou algo indispensável

13 abr 2021 | Notícias

Algumas coisas não entram na lista de preparativos de uma viagem: um cancelamento de voo, um extravio de bagagem e, nos piores casos, uma internação em um hospital. Por isso a importância de se ter um seguro-viagem. Fala-se que seguro bom é seguro que não precisa ser acionado, mas é somente quando acontece uma emergência e precisamos dele é que vamos saber se o investimento valeu.

Mesmo sabendo que nem tudo sai como planejado, o brasileiro não era adepto à contratação do serviço. Na maioria dos casos por achar desnecessário ou, no caso de viagens no Brasil, por achar que o plano de saúde que ele leva na carteira tem cobertura nacional – e muitas vezes não tem (aliás, que tal conferir a cobertura do seu plano?).

“Somos um povo otimista que pensa que nada vai acontecer e por isso acha não há necessidade de pagar por uma coisa que não vai ser usada. Mas no seguro-viagem o bom é exatamente quando pagamos e não usamos”, diz Taís Mahalem, head de marketing da seguradora Coris.

Com a deflagração da pandemia, o otimismo inabalável do brasileiro não é mais aquele e as questões de saúde ganharam novas proporções. “A consciência do brasileiro aumentou muito com relação ao seguro-viagem, para onde quer que ele esteja indo. Não só em relação a preço, mas com a cobertura. O entendimento do produto passou a ser mais relevante”, diz Taís.

O brasileiro agora tem uma preocupação extra com relação à saúde e isso vem se refletindo nas viagens realizadas desde o ano passado. “A venda de seguros para viagens domésticas explodiu durante a pandemia. No final de 2020, mais de 70% das apólices vendidas foram para viagens dentro do Brasil. Em dezembro de 2019 este número não chegava a 40%. Em fevereiro de 2021, o número de coberturas para viagens domésticas foi de 60%, contra 40% de apólices internacionais”, diz Alexandre Camargo, country manager da Assist Card.

Vale aqui uma rápida diferenciação. Estamos falando de seguro-viagem, o qual dá o amparo a uma série de imprevistos como emergência médica, extravio de bagagem, atraso ou cancelamento de voo. Não confundir com seguro-saúde, que cobre, como diz o nome, apenas questões que envolvam a saúde do viajante.

Mais do que nunca é necessário prestar atenção para o que está sendo contratado, tendo em vista que os valores e a cobertura variam de acordo com o destino, o tempo de viagem e o tipo de seguro.

Cobertura para Covid-19 e o futuro do mercado de seguros

A cobertura de gastos médicos por conta de epidemias e pandemias costumava ser excluída das apólices de seguro por ser um evento imprevisível e de alto risco. Isso significa que as empresas estariam aptas a prestar auxílio ao segurados apenas até o diagnóstico. Uma vez confirmada a Covid-19, o viajante deixaria de receber o atendimento do seguro e passaria, na melhor das hipóteses, aos cuidados do sistema de saúde local.

O cenário agora mudou. Mesmo sem previsão de quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixará de classificar o Covid-19 como epidemia, as seguradoras passaram a flexibilizar os contratos e incluir a cobertura para o novo coronavírus.

Na hora de contratar um produto, é importante ficar atento para algumas questões. A primeira e mais importante é certificar-se de que o plano contratado oferece cobertura para covid e se o produto possui a cobertura adicional chamada ‘Cancelamento por Diversas Causas’, cláusula que determina as situações em que o segurado pode solicitar o cancelamento da viagem e pedir o reembolso de despesas específicas. Exemplo: se a pessoa foi diagnosticada com a Covid-19 dias antes da viagem, poderá cancelar e pedir o reembolso? Vai depender do que foi contratado. O fato de estar com o Covid-19 em casa não é um evento coberto pelo seguro-viagem, exceto se a pessoa contratou a cobertura adicional de Cancelamento por Diversas Causas em que conste essa situação.

O segundo passo é ver se o valor da cobertura para Covid-19 está dentro dos valores exigidos pelo país de destino. O Chile, por exemplo, exige um seguro de, no mínimo, US$ 30 mil para Covid-19 e, portanto, não adianta contratar um plano com cobertura inferior.

Os 26 países europeus que compõem o Espaço Schengen exigem que o turista contrate um seguro-viagem com cobertura mínima de 30 mil euros para cada viajante.

Países que exigem o seguro viagemAlemanha, Angola, Argélia, Argentina, Aruba, Áustria, Bélgica, Bielorrússia, Brasil, Catar, Costa Rica, Chile, Cuba, Dinamarca, Emirados Árabes, Equador, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia, Suíça, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai e Venezuela. A Austrália e a Nova Zelândia exigem o seguro-viagem para estudantes.

Os Estados Unidos são um capítulo à parte. Desde o dia 26 de janeiro, o governo Biden passou a exigir exame PCR antes do embarque ao país, mas não existe exigência de seguro. Mesmo assim, ninguém em sã consciência deveria deixar de contratar uma apólice por conta dos altos custos das despesas médicas e hospitalares no país, que não tem um sistema público universal como SUS. Uma consulta com um clínico nos Estados Unidos pode custar US$500 e o preço médio de uma diária hospitalar pode variar de US$800 a US$25 mil, dependendo da enfermidade. Recentemente, um paciente que foi internado por covid recebeu uma conta astronômica de mais de US$ 1 milhão no dia em que teve alta do hospital.

Por isso, é indicado em alguns casos contratar coberturas mais robustas. “Para os Estados Unidos temos planos com cobertura de US$ 250 mil até US$ 1 milhão”, diz Taís, da Coris. A empresa vende apólices que cobrem a Covid-19 apenas em viagens internacionais. Mas isto é apenas até a OMS deixar de classificar o coronavírus como epidemia. “Não é que o seguro não cubra a covid, o seguro não cobre pandemias. Se a OMS falar amanhã que a covid não é mais uma pandemia os seguros voltam a cobrir, da mesma forma que a H1N1 já foi uma pandemia”, completa a gerente de marketing.

Também é importante destacar que, no caso de coberturas para viagens dentro do Brasil, o seguro só tem validade se o cliente estiver fora da sua cidade. A Assist Card estipula que a pessoa esteja a, no mínimo, 100 quilômetros da sua residência.

Para o futuro, empresas do setor de seguro-viagem dizem que deverá haver duas grandes mudanças no comportamento do viajante: a preocupação de saber se o destino estipula o seguro como um requisito de entrada e quais são as coberturas exigidas. “Cada país conhece os seus gastos internos, seus custos com saúde. Isso não deixa de ser um problema econômico e social. E acho que a vacina vai se tornar um requisito para a entrada em muitos países”, diz Taís, da Coris.

O que diz a Susep, o órgão regulador

Superintendência de Seguros Privados (Susep) é o órgão que controla e fiscaliza o mercado de seguros e recebe reclamações de consumidores. A assessoria de comunicação da entidade informou que as coberturas de despesas médicas, hospitalares e/ou odontológicas, traslado de corpo e traslado médico em viagens ao exterior são requisitos mínimos obrigatórios em toda apólice de seguro de uma viagem internacional.

Já no caso de viagens nacionais não há coberturas de contratação obrigatórias e cada consumidor deve buscar aquelas que se adequem mais às suas necessidades. Não há qualquer exigência regulatória por parte da Susep que proíba ou obrigue as seguradoras de cobrir eventos decorrentes de surtos, epidemias ou pandemias. As seguradoras têm a liberdade de determinar se estes ou outros riscos estão ou não cobertos, o que tem impacto direto no preço do produto.

Dessa forma, a Susep reitera que o consumidor deve verificar atentamente a abrangência da cobertura que pretende contratar e analisar se os riscos dos quais pretende se precaver estão abrangidos pelo produto. Além disso, deve-se observar os riscos excluídos do contrato. 

FONTE: PORTAL VIAGEM E TURISMO

Últimas notícias

Share This