Tempo de espera longo até o voo? Esses aeroportos também podem ser boas atrações da viagem

15 fev 2024 | Notícias

Para muita gente, o aeroporto é um lugar por onde se deve passar o mais rápido possível, pois não há nada para desfrutar ali: o bombardeio constante de anúncios, a frustração de não poder entrar nos lounges cada vez mais exclusivos, a comida ridiculamente cara, as filas gigantescas e a busca inútil por uma tomada podem resultar em uma experiência infernal. Entretanto, de vez em quando até oferecem alguma conveniência ou regalia inesperada que amenizam o perrengue do passageiro.

No caso de Bill Tsutsui, de 60 anos, foi a máquina automática de queijo em lata do regional Pullman-Moscow, na porção oriental do estado de Washington. “A gente já sabe de cor e salteado o que tem nos aeroportos. Olha, puxa, uma sala de ioga, blá blá blá. Mas nesse caso achei um toque muito bonito, regional, de calor humano mesmo”, disse ele, que é de Ottawa, no Kansas.

Tsutsui foi um dos mais de 1.300 leitores que responderam à nossa pergunta: “Qual sua mordomia de aeroporto preferida?” Entre as respostas, sim, salas para a prática de ioga (no internacional de San Francisco, no Midway de Chicago e no Indira Gandhi, de Nova Déli, entre outros), mas também máquinas que vendem livros, jardins tranquilos e até uma piscina.

Aqui vai uma lista que talvez possa tornar sua próxima conexão um tantinho mais agradável.

1. Livros e filmes

Biblioteca com exemplares da literatura holandesa no aeroporto Schiphol, em Amsterdã, nos Países Baixos — Foto: Divulgação / Schiphol Airport

Alguns aeroportos oferecem uma dose de arte, música e literatura. Linda Norris, de 68 anos, de Treadwell, estado de Nova York, destacou o Schiphol de Amsterdã pela biblioteca e pela “filial” do prestigiado museu nacional, ambos situados depois do trâmite de segurança, na zona cultural de Holland Boulevard. “Esses espaços são ‘oásis de tranquilidade’ que destacam a cultura neerlandesa. A biblioteca, por exemplo, é linda e tem muitas poltronas confortáveis, mas nunca está lotada. Às vezes dou uma espiada nos livros, outras não, mas é um cantinho que está sempre sossegado”, contou ela.

É possível mergulhar na coleção de obras da literatura local traduzidas em mais de 40 idiomas (mas, infelizmente, não há empréstimo).

No aeroporto internacional de Portland, no Oregon, há um cinema que exibe curtas feitos por cineastas da região do Noroeste Pacífico (depois da segurança, no Saguão C).

No internacional O’Hare de Chicago, um túnel de luz neon e espelhos do artista Michael Hayden e do arquiteto Helmut Jahn dá vida a uma passagem subterrânea (depois da segurança, no Terminal 1, entre os Saguões B e C).

O túnel com iluminação em neon criado pelo artista Michael Hayden e pelo arquiteto Helmut Jahn no aeroporto internacional de Chicago O’Hare — Foto: Divulgação / Chicago O’Hare International Airport

No aeroporto Mitchell de Milwaukee há uma filial do Renaissance Books, sebo local muito popular (situado no terminal principal, depois da segurança).

No metropolitano de Detroit, músicos profissionais tocam os dois pianos que se encontram na área do portão do Terminal McNamara (depois da segurança, próximo dos Portões A40 e A72).

2. Máquinas automáticas

Normalmente, esse tipo de recurso oferece guloseimas sem graça e/ou eletrônicos caríssimos. “Sempre viajo ao Japão, e raramente me surpreendo com o que encontro por lá, mas essa do queijo realmente me pegou. Achei o máximo”, confessou Tsutsui.

A Universidade Estadual de Washington começou a fazer experimentos com o produto enlatado nos anos 1930, em busca de uma embalagem que prolongasse a vida útil do produto. (Ela garante que, se for mantido na geladeira, dura indefinidamente.) A variedade mais popular é um cheddar branco chamado Cougar Gold, nome inspirado na mascote da instituição (“cougar”, ou “puma”) e homenagem a um dos queijeiros originais. A máquina (que recentemente estava quebrada) fica antes da segurança, perto do balcão da locadora de carros Hertz; o queijo pode ser despachado ou mantido dentro da cabine.

Não é fã de queijo? Em vários aeroportos do Texas (o de Austin, o de Houston e o de Dallas-Fort Worth) há a opção de comprar cupcakes da Sprinkles em diversos sabores. De acordo com um representante da empresa, os “caixas eletrônicos” são reabastecidos com produtos frescos duas vezes por dia.

No internacional de Edmonton, em Alberta, Canadá, um quiosque oferece contos de diferentes tempos de leitura (um, três e cinco minutos) de autores locais, impressos no que parece ser um recibo mais longo que o normal, disponíveis em inglês e francês. A máquina foi criada por uma empresa francesa, a Short Édition, especializada em obras curtas, que está tentando estimular a leitura por prazer (fica depois da segurança, no andar de embarque, ao lado do Portão 60).

3. Espaços ao ar livre

É cada vez mais comum ver espaços abertos incorporados aos aeroportos, permitindo que o passageiro respire um pouco de ar fresco antes de voar. Segundo Brent Kelley, da diretoria do escritório de arquitetura Corgan, os espaços verdes, como terraços e jardins, estão se tornando prioridade:

— A pessoa procura o contato com o ar livre porque sabe que vai passar várias horas fechada na aeronave. Começou com os clubes das aéreas, mas está se tornando indispensável para as autoridades que regem os aeroportos também.

O Greenville-Spartanburg, na Carolina do Sul, tem o que chama de “jardim aeroportuário”, e se gaba de ter sido um dos primeiros do país, já que foi inaugurado em 1962. “Tem esculturas, gramados e muito lugar para sentar, além de ser incrivelmente convidativo ao relaxamento — e ainda dá vista para as Montanhas Blue Ridge”, conta Nancy deJong, de 69 anos, de Greer, na Carolina do Sul.

No aeroporto internacional de San Francisco há um terraço externo no Terminal G e um deque de observação ao ar livre antes da segurança, no Terminal 2, aberto ao público em determinados horários ao longo do dia.

No internacional Daniel K. Inouye, em Honolulu, no Havaí, já um jardim cultural luxuriante, inspirado na herança havaiana, japonesa e chinesa das ilhas — com laguinhos de carpas e até bananeiras —, que cerca o saguão de emissão de bilhetes do Terminal 2 e o Portão E.

No internacional de Denver há três deques externos de cobertura — em cada um dos três saguões, passando a segurança — completos, com direito a lareira de chão e “banheiro” para os pets.

4. Passeios para ajudar a passar o tempo

Pensando no viajante que tem de enfrentar longas esperas entre um voo e outro, o Changi, em Singapura, oferece três passeios pela cidade de ônibus e um a pé pelo Jewel, complexo que reúne opções de entretenimento e lojas, que dura apenas duas horas e meia; todos são diários.

O aeroporto internacional Incheon, de Seul, na Coreia do Sul, também oferece tours pela cidade, passando por palácios antigos e até campos de golfe, mas esses são só para quem tem de esperar o dia inteiro. Um deles inclui dois dos destinos mais famosos no centro da capital: um palácio centenário e Insa-dong, bairro cheio de lojinhas de artesanato charmosas e casas tradicionais; o outro leva os passageiros a um observatório que dá vista para a Zona Desmilitarizada.

Ali também há áreas para quem quiser tirar um cochilo, com cadeiras reclináveis e divisórias, além de banheiros com chuveiro em diversos portões nos Terminais 1 e 2. Já quem preferir se concentrar em artesanato ou praticar taekwondo pode se dirigir a um dos vários centros culturais.

As novidades fazem parte de uma tendência de projeto cuja intenção é oferecer uma sensação de familiaridade.

— Encaramos o aeroporto como uma extensão da cidade; a meu ver, durante muito tempo eles quiseram ser shopping centers, mas conseguimos nos afastar desse conceito — explicou Terence Young, da diretoria do escritório de arquitetura Gensler, que trabalhou no Terminal 2 do Incheon.

No internacional Hamad, em Doha, no Catar, há uma piscina interna aquecida no Oryx aberta a todos os passageiros durante determinados períodos do dia por cerca de US$ 48. O hotel, situado depois da segurança, na praça do duty free ao lado dos Saguões C, D e E, também tem spa, chuveiros, academia, um simulador de golfe e até quadras de squash.

No de Helsinki, na Finlândia, o viajante pode se esbaldar comprando gravlax (salmão) e alcaçuz salgado em um supermercado 24 horas próximo às chegadas.

5. Para a diversão das crianças

Uma área para diversão das crianças no recém-reformado Terminal B do aeroporto de La Guardia, em Nova York — Foto: Divulgação / LaGuardia Gateway Partners

Os playgrounds, ideais para as crianças gastarem bastante energia antes ou depois do voo, têm o poder de transformar a viagem em família em algo suportável. Entre os favoritos estão o novo espaço interno do Terminal B do La Guardia, em Nova York — com miniaturas de aviões, torres de controle e até esteiras de bagagem em espuma, nos quais os pequenos podem escalar —, e o de Copenhague, na Dinamarca, que tem versão interna e externa, com escorregador e um avião grande de madeira.

No de Zurique há uma área ao lado do Portão A, depois da segurança, onde as famílias podem relaxar, com brinquedos, pias, fraldário e um espaço silencioso para amamentação. Um leitor elogiou as áreas “deliciosas”, com trepa-trepa, cavalo de balanço, brinquedos de madeira de qualidade, quebra-cabeças, livros, bonecas e videogames. A presença de funcionários prestando assistência permanente o deixa ainda melhor.

6. Encontre seu santuário

Salas sensoriais para o viajante neurodivergente podem ser um verdadeiro santuário. A versão do aeroporto internacional de Pittsburgh, com salas à prova de som, assentos confortáveis e simulação de cabine de voo, é “fantástica para a criança com necessidades especiais”, garante Blaire Malkin, de 44 anos, de Charleston, na Virgínia Ocidental. Fica ao lado do Portão A, depois da segurança. “Nossa filha é autista e tem deficiência intelectual, e o espaço fez toda a diferença durante a viagem. Eu queria que outros aeroportos tivessem recursos semelhantes para atender às necessidades desses passageiros especiais.”

Em Nova Jersey, o novo Terminal A do internacional Newark Liberty inaugurou recentemente uma sala sensorial de 92 m² que fica antes da segurança, no extremo sul do andar de embarque. Planejada para dar a impressão de que é cortada por um rio, tem carpete macio e colorido, luminárias em formato de nuvem e um mural de montanhas. Há também tubos de bolhas, elemento sensorial iluminado e em constante movimento. O viajante que precisar de assistência extra pode pedir que a triagem de segurança seja feita ali, graças ao programa Cares da Administração de Segurança dos Transportes (TSA, em inglês).

Fonte: O Globo

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