África do Sul: Agora ‘mais perto’, país de Mandela encanta brasileiros que buscam aventuras e belezas naturais

11 abr 2024 | Notícias

Belezas naturais, safáris nas savanas, gastronomia, vinhos, litoral deslumbrante e um banho de cultura e história. Quantas Áfricas do Sul cabem dentro de uma só? Essa é a pergunta que ocorre ao turista ao se deparar com tudo o que este país de três capitais e 11 línguas oficiais pode oferecer, das mais variadas atrações rústicas e selvagens às mais requintadas e luxuosas acomodações, sem precisar desembolsar cifras astronômicas. De olho nesse potencial de prazer e curtição inesgotáveis, mais e mais brasileiros têm escolhido o país de Nelson Mandela como destino para suas férias. E os motivos vão desde a taxa cambial que nos favorece – e muito – até a maior facilidade para viajar com a retomada de novas rotas pelas companhias aéreas.

Aqui no Brasil, com o fim da pandemia, a retomada dos voos diretos para Johannesburgo, a partir de São Paulo, pela Latam, única companhia nacional a voar diretamente para África, colocou a rota novamente nos planos de quem procura experiências marcantes no outro lado do Oceano Atlântico (com tempo de viagem estimado em menos de oito horas). Mas o que torna a África do Sul, berço da humanidade, tão especial para o gosto dos brasileiros que aumentaram sua presença no território africano em quase 80% durante o ano passado e 150% no final de 2023?

— É um crescimento admirável, mas não surpreende quem trabalha com o destino aqui no Brasil. Sabíamos que voltaríamos ao patamar pré-pandêmico em ritmo acelerado. Quando a Covid paralisou a indústria do turismo em 2020, o Brasil estava a caminho de se tornar um dos países que mais enviava turistas à terra de Mandela. Tendo enviado 80 mil turistas em 2019 e 25 mil só nos três primeiros meses de 2020, o país entrava no Top 5 de principais mercados — afirma Tati Isler, CEO da TI Comunicações, empresa que há 20 anos representa o turismo sul-africano no país.

— E hoje o turista tem valorizado as coisas que a terra de Mandela pode oferecer a fartar: afeto, acolhimento, simpatia, empatia. É uma experiência sem igual. Quem vai, volta. E quem não foi, um dia vai — completa Tati.

Os motivos que fazem do país um destino popular para brasileiros não se restringem apenas ao econômico, mas este é logo de cara um grande atrativo, já que o Real, convertido em moeda estrangeira, rende quase quatro vezes o valor da moeda local (Rand). Isso permite ao viajante aproveitar bastante a vida outdoor e viajar pelas praias, safáris e parques naturais com certo conforto e disponibilidade de empresas turísticas que oferecem serviço de guia e vans para traslados. Vale lembrar que o país não aceita o Real para operações cambiais, apenas dólares e euros. (Ver serviço abaixo)

Outra boa razão para visitar a África do Sul fisga o turista pelo estômago. Diversos restaurantes estrelados, porém com preços acessíveis, e uma gama de opções da mais premiada safra e produção de vinhos locais – e acreditem – baratos! convidam o viajante a passar bem durante sua estadia, seja na frenética Johannesburgo ou na calmaria das vinícolas e montanhas da Cidade do Cabo (Cape Town), com clima entre os 20ºC e 38ºC, semelhante ao verão brasileiro, onde a natureza ganha em cores e beleza com suas alvoradas e pores do sol ímpares.

E, claro, a onipresente figura do ex-presidente Nelson Mandela, morto em 2013, mundialmente conhecido como um dos líderes rebeldes na luta contra o Apartheid (1942-1994), remete a todo tempo a um passado de segregação e violência racial vivida no país. Enredos, imagens e histórias sobre sua trajetória estão registrados de maneira muito bem organizadas e interativas no Museu do Apartheid, onde há galerias intermináveis que contam a vida de “Madiba”, como é carinhosamente chamado por seus compatriotas, nome que tem origem na ancestralidade do clã do qual era membro.

Durante dez dias, a reportagem do GLOBO explorou Johannesburgo, a cidade mais populosa do país, onde visitou a casa em que Mandela viveu parte de sua vida no Soweto; se aventurou em um safári na savana selvagem entre os Big Five (veja abaixo) e se esbaldou na Cidade do Cabo (Cape Town), entre montanhas, praias, pinguins, baleias austrais e muita badalação. E, claro, as vinícolas que tornam o país o oitavo maior produtor de vinho do mundo, segundo a Forbes.

Esteja onde estiver nesses três roteiros turísticos visitados pela reportagem no final de janeiro, o resultado é garantido: vale a pena – e muito – conhecer e curtir a África do Sul e tudo o que a leva a ser um dos lugares mais ricos em biodiversidade no mundo e figurar entre os primeiros da lista do seleto grupo de países megadiversos, cujo topo é ocupado pelo Brasil.

O QUE FAZER EM JOHANNESBURGO

Museu do Apartheid – Dedicado à memória dos que sofreram o mais cruel regime político de segregação racial, social e econômica entre 1948 e 1994, o Museu do Apartheid é um bom começo de roteiro para entender o porquê a África do Sul tem muito a ensinar ao mundo e por qual motivo rende tantas homenagens ao líder sul-africano Nelson Mandela, ativista que passou 27 anos na prisão depois de ter sido condenado à prisão perpétua por crime de sabotagem e conspiração contra o governo racista. Ele viria a ser eleito o primeiro presidente negro do país e vencedor do Prêmio Nobel da Paz (1993).

Inaugurado em 2001, o local é reconhecido como o primeiro do gênero e ilustra a ascensão e queda do apartheid, com suas exposições montadas e organizadas por uma equipe multidisciplinar de curadores, cineastas, historiadores e designers. Dentro de seus pavilhões distribuídos por uma área de sete hectares, os visitantes podem ter ao menos uma ideia do que foi o regime que proibia negros se misturarem com brancos, fosse nos transportes e banheiros públicos ou praias.

Portaria principal para a entrada no Museu do Apartheid : setor Blankies/Whites (“Brancos”, em africâner e inglês, respectivamente) Nie Blankes/Non Whites. (Não brancos) — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Filmagens provocativas, fotografias, painéis de texto e artefatos que ilustram os eventos e histórias humanas que fazem parte do terrível período dessa história, onde em 1950, a Lei de Registro Populacional nº 30 instituída pelo Partido Nacional, de minoria branca, definia quem pertencia a uma determinada raça pela aparência física. As pessoas tinham de ser identificadas e registradas desde o nascimento como pertencentes a um de quatro grupos raciais distintos: Brancos, mestiços, bantos (negros africanos) e outros.  Os documentos de identidade foram emitidos para cada pessoa e o número de identidade codificava a raça a que foram atribuídos.

Numa das imagens é possível ver uma comissão de europeus testar quanta aderência uma caneta poderia ter nos cabelos das pessoas, para assim determinar qual local e com quem deveria viver. Um “soco no estômago” é o que sente o visitante neste momento. Alguns desses registros chocam quem ingressa no museu ao ser levado a fazer uma “escolha” entre duas portas giratórias de ferro: Setor Blankies/Whites (“Brancos”, em africâner e inglês, respectivamente) Nie Blankes/Non Whites (Não brancos) .

O museu conta com a uma exposição permanente sobre o líder sul-africano. “Mandela: Líder, Camarada, Negociador, Prisioneiro, Estadista” apresenta uma experiência multimídia ao visitante por uma área dividida em oito seções com detalhes sobre a vida do ativista, objetos íntimos, filmes que contam e relembram sua trajetória, imagens, fotos diversas e até um carro que pertenceu a Madiba. Vale a pena tentar ver toda a exposição ainda que dure algumas horas.

— A exposição tenta dar vida nova a uma história que foi bem contada em inúmeros livros, documentários e outras exposições ao redor do mundo — afirma Emilia Potenza, curadora do Museu do Apartheid.

A exposição procura traçar uma cronologia de como Mandela construiu uma nova nação a partir dos fragmentos do conflito racial, fazendo pleno uso das “armas” à sua disposição: amor, persuasão, perdão e política perspicaz, sem esquecer de uma boa dose de humor que acompanhava o líder sul-africano.

SERVIÇOS:
Aberto de quarta a domingo, das 9h às 17h – Preço: 150 rands (R$ 40)
Reserve ao menos 3 horas para conhecer o museu
Apoio ao visitante, banheiro, cafeteria, loja e visita guiada
*Há passeios guiados às prisões onde Mandela ficou (Robben Island, Pollsmore e Victor Verster) a depender da operadora de turismo.
https://www.apartheidmuseum.org/

Guia turística explica a importância da restauração da casa onde Nelson Mandela morou com a família — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Soweto e a Rua dos Nobels – Foco de resistência e da luta contra o apartheid, o bairro abrigou a maior comunidade urbana de negros da África do Sul durante o regime segregacionista e se fortaleceu como ponto de apoio de campanhas e manifestações estudantis contra o sistema. Seu nome é acrônimo para “South Western Townships”, onde há grande concentração de favelas.

Em uma das ruas do Soweto, na famosa Vilakazi Street, a casa de Nelson Mandela foi transformada em museu aberto ao público e conta um pouco mais de sua história, antes e depois de ser preso. Objetos, móveis, fotografias com personalidades como Fidel Castro e até uma placa da prefeitura de Arujá, na Grande São Paulo, podem ser apreciados na residência de tijolinhos vermelhos distribuídos em três cômodos espaçosos.

Curiosamente nesta mesma rua está localizada a casa do arcebispo Desmond Tutu, vencedor do Prêmio Nobel da Paz (1984) nove anos antes de seu vizinho Mandela. Tutu também teve grande relevância na luta contra o Apartheid à frente da Igreja Anglicana e foi o primeiro negro a ocupar o cargo de Arcebispo da Cidade do Cabo. Não à toa, os moradores do Soweto se gabam de ter a “única rua no mundo” em que moram dois prêmios Nobels.

Memorial Hector Pieterson é parada obrigatória no Soweto para quem quiser entender melhor a história de luta dos negros pela democracia e contra a segregação racial — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

O bairro também foi palco de um dos acontecimentos mais sangrentos da história da África do Sul, conhecido como o “Massacre do Soweto”, em 1976, ou “Levante do Soweto”. Desmedida repressão policial contra um protesto pacífico de estudantes terminou em 700 mortes, estimativa não oficial. Um dos mortos, Hector Pieterson, tinha apenas 13 anos e a imagem dele sendo carregando nos braços de um familiar já sem vida rodou o mundo e foi comparada à imagem icônica de uma menina vietnamita correndo nua após bombardeio americano, quatro anos antes. Hoje o Memorial Hector Pieterson é parada obrigatória no Soweto para quem quiser entender melhor a história de luta dos negros pela democracia e contra a segregação racial, social e econômica na África do Sul.

Dança tradicional zulu ensaiada nas ruas do Soweto — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Os passeios de tuk-tuk e bicicletas são uma experiência bastante inclusiva na cultura local e a receptividade do povo marca o visitante, pois sobram simpatia e afeto em todas as ruas visitadas. Com sorrisos estampados no rosto, principalmente as crianças, correm atrás para cumprimentar o visitante com um “Hi-five”. Uma saudação que aproxima o turista dos moradores do Soweto, fica a dica, é falar a expressão “Sanibonani” (Eu vejo você!) para receber como resposta “Yebo” (Sim, eu estou aqui!) na língua zulu.

Crianças do Soweto brincam ao saírem da escola — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Vale fazer o passeio de tuk-tuk (espécie de lambreta com carroceria), pois os guias que conduzem o veículo dão show de conhecimento e talento para contar histórias sobre passado, presente e perspectivas para o país. Há muitos adeptos da cultura rastafári por ali também e um grande celeiro de artistas na pintura, no grafite e nas artes plásticas e música.

— Soweto é um ponto de esperança para nós e um pilar das nossas lutas e história. E graças ao turismo foi urbanizado e tornou-se bastante seguro. Enquanto estiver em Johannesburgo, não se esqueça de visitar Soweto por sua riqueza em cultura e história. Recomendo fortemente conhecer o bairro de Maboneng. A comida é preparada na hora e é adequada para todos e para diferentes culturas, desde comida de rua até restaurantes internacionais — afirma o guia turístico local Kamohelo Madibo Madibo.

Soweto é considerado um município dentro de Johannesburo e as ruas têm nomes de heróis negros que foram fundamentais na luta contra as injustiças, como por exemplo, WB Vilakazi, primeiro professor negro a lecionar numa universidade branca e o primeiro acadêmico negro a receber Doutorado em Lingüística

SERVIÇOS: sowetobackpackers.com/
+27 11-936 3444
+27 81 5242918
lebo@sowetobackpackers.com

Ikoh Uzile Mpako, de 43 anos, um dos guias locais mais experiente do bairro explica concepção de grafite nas ruas de Maboneng — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Maboneng – Um dos bairros mais badalados e vibrantes de Johannesburgo, Maboneng traz em sua história uma potente transformação urbana de um polo industrial que no passado já foi considerado um dos lugares mais perigosos de se frequentar, após o fim do Apartheid, em 1994. Mas isso ficou no passado. O bairro hoje é motivo de orgulho para os sul-africanos que, impulsionados pela criatividade de seu povo, repaginaram o local com galerias de artes, restaurantes, café e construções modernas e originais.

A Arts on Main, um antigo armazém de 1911, abriga galerias e boutiques onde o visitante pode encontrar além de quadros e grafites, muito artesanato e comidas dos mais variados sabores. O local é um dos exemplos de como os sul-africanos tiveram sucesso na revitalização urbana de “Jozi”, como é chamado a cidade Johannesburgo para os mais descolados, transformando antigas fábricas e galpões em espaços artísticos, residenciais e de badalação, onde as galerias de arte e estúdios de artistas abundam. Chama a atenção do turista os murais – gigantes – de rua e diversos espaços de arte contemporânea, onde a vida noturna pulsa entre bares, restaurantes, cafés e clubes alternativos.

Maboneng, em sesotho, uma das línguas oficiais da África do Sul, significa “lugar de luz” e é com esse conceito que os artistas locais trabalham para transformar o bairro que abriga ainda mercados de ruas com uma diversidade imensa de alimentos, como é o Market on Main, e feiras de artesanato rodeados de uma arquitetura única, que mescla edifícios históricos restaurados com novas construções contemporâneas. Multicultural, Maboneng vive uma efervescência de movimentos que atraem artistas, empresários e turistas de todo o mundo. Localizado na parte leste da cidade, o bairro está bem perto do Museu do Apartheid.

Bairro é motivo de orgulho para os sul-africanos por sua galerias de artes, restaurantes, café e construções modernas e originais — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Embora comemore esse novo ‘status’ de polo cultural, Maboneng enfrenta desafios sociais semelhantes a outras áreas urbanas de “Jozi”, como pobreza, desigualdade e crimes, não muito diferente de grandes centros urbanos do Brasil.

— O apartheid ainda está vivo na África do Sul, mas agora não é tão físico e racial como antes, mas mais intelectual e económico, por exemplo, uma pessoa branca com as mesmas qualificações que um negro ainda recebe mais do que um negro — afirma Ikoh Uzile Mpako, de 43 anos, um dos guias locais mais experiente do bairro e que ainda exerce a profissão de chef de cozinha.

Caminhar pelas ruas de Maboneng é um convite para admirar grafites e outras manifestações artísticas — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

— É altamente imperativo que os espaços urbanos sejam reinventados devido à nossa história recente de movimentos racialmente controlados, porque todos os centros das cidades na África do Sul foram concebidos apenas para pessoas brancas, é muito importante que os centros das cidades sejam transformados em locais onde as pessoas possam viver, trabalhar e curtir — completa Ikoh, nascido em Umtata, mesmo local onde nasceu Mandela.

Ikoh Uzile Mpako, um dos guias locais mais experiente do bairro Maboneng — Foto: Arquivo Pessoal

SERVIÇOS:
@curiocity.africa
https://www.southafrica.net/br/pt/travel

O QUE FAZER EM HOEDSPRUIT

Apesar de não ser considerada um dos ‘Big Five’, a girafa é um dos destaques do safári do Kapama Private Game Reserve — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Safári de Luxo – Longe de pensar que fazer um safári na mais selvagem savana africana é passar perrengue com mosquitos, bichos peçonhentos e perigos à espreita a todo o momento. Destino mais procurado pelos turistas que se aventuram para encontrar os “Big Five’ (grupo de animais mais difíceis de se ver como leão, elefante, búfalo, leopardo e rinoceronte), a cidade de Hoedspruit está no centro das várias reservas de vida selvagem da África do Sul como o Parque Nacional Kruger, a Timbavati e a Kapama, esta última uma área privada explorada por concessão do governo sul-africano e à qual a reportagem do GLOBO passou três dias e teve a sorte grande de avistar bem de perto os “Big Five”, sem correr riscos extremos e, digamos, com certo conforto.

Considerado o maior dos campos da Kapama Private Game Reserve, o River Lodge se destaca por seu design arejado com acomodações e suítes de luxo que proporcionam ao aventureiro uma experiência de interatividade com a savana, com direito à banheira próxima da sacada onde é possível avistar a savana e sua movimentação durante um banho de sais aromáticos, além de piscinas e spas para relaxamento.

Um das suítes de luxo com vista para a savana do Kapama River Lodge — Foto: Divulgação

Com seus luxuosos alojamentos cinco estrelas, o River Lodge é considerado o mais animado e sociável dos safáris, razão pela qual jovens casais e grupos de amigos estão sempre entre os seus maiores frequentadores, de todas as partes do mundo, que se encontram várias vezes ao dia , seja nas expedições de sáfari ou nos convidativos cafés da manhã, almoço e jantar incluídos no pacote da diária. Há ainda a possibilidade de fazer safáris noturnos e dormir ao ar livre na savana depois do jantar (pacotes à parte da diária).

Phillip Ranger conduz turistas durante safári no Kapama; piloto experiente em encontrar os “Big Five” — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Em três dias, a reportagem participou de quatro safáris, acompanhados dos Rangers (guias e motoristas) que fazem a diferença na hora de avistar os animais mais cobiçados da savana africana. As expedições são feitas duas vezes por dia: a primeira no início da manhã, às 6h, e a outra, à tarde, por volta das 16h. Esse são os horários em que melhor podem ser observadas as atividades dos animais de hábitos noturnos (retorno e saída para as caças, respectivamente).

— Trabalhamos com mais de três semanas de antecedência em relação às alocações de hóspedes e Rangers. Para garantir que todos os guias recebam hóspedes com no máximo 6 passageiros por veículo (a menos que solicitado de outra forma), analisamos todos os fatores para garantir que a pessoa mais adequada seja indicada. Nós nos esforçamos para garantir que todos os hóspedes tenham a melhor experiência possível, pois nossa intenção é oferecer a todos os hóspedes do Kapama um extraordinário safári africano, repleto de emoção e que mudará suas expectativas futuras, de qualquer destino de viagem, através de ativos de qualidade excepcional e pessoas calorosas, amigáveis ​​e apaixonadas que têm orgulho de sua missão — afirma Phillip Ranger, um dos guias mais antigos do Kapama.

Elefante adulto é uma das atrações do safári no Kapama River Lodge — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

O preparo dos guias é fundamental na hora de escolher fazer um safári com êxito. Eles recebem treinamentos de meses a fio, além de formação em primeiros socorros – conta Phillip, que destaca seu momento mais emocionante no seu trabalho quando esteve a pé e se viu cercado durante a caça de um grupo de leões contra um leopardo que se refugiou sobre uma árvore.

Leopardo se refugia na sombra de arbustos durante o calor intenso das tardes na savana — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

— De repente, percebi que estava no meio de algo grande acontecendo, estava na zona de perigo. Decidi que era hora de voltar para o carro. Quando me aproximei dele, de repente, vi o grande leão macho dominante…Makhulu Madoda…apenas deitado na tão necessária sombra debaixo da árvore neste dia quente, com um olhar atento em mim. Eu sabia que havia pegadas recentes de leopardo, mas nunca teria pensado que o leopardo estaria olhando para mim do topo da árvore… a mesma árvore sob a qual o Leão estava deitado. Pedi então ao outro Ranger que viesse me buscar porque ainda não tinha visto o resto do bando e talvez também estivessem de olho em mim. Assim que voltei para o veículo, dirigimos para mais perto de onde avistei esses dois enomes gatos, onde tivemos a sorte de ver o resto do bando, não muito longe de onde eu estava andando. Estar no meio desses animais, dois dos Big Five a pé…e compartilhar essa experiência com os convidados foi uma das minhas lembranças mais intensas e lindas de trabalhar como guia de campo – afirma Philip.

Leoas descansam sem ser incomodadas pelos turistas que observam e precisam seguir a regra do silêncio total — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

O termo “Big Five” se refere aos cinco mamíferos selvagens de grande porte mais difíceis de serem caçados pelo homem. No entanto, a experiência de fazer um safári no Kapama vai muito além deles, e sem dificuldades é possível avistar com certa frequência gnus, impalas, hienas, girafas, antílopes variados, javalis e zebras.

Turistas de diversas partes do mundo durante o café da manhã no salão do Kapa River Lodge antes da saída do primeiro safári — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Em Hoedspruit há também a opção de passeios de balão de ar quente ao amanhecer ou entardecer, onde é possível avistar de cima a vista deslumbrante da savana e da vida selvagem. Há ainda centros de reabilitação de animais resgatados como elefantes órfãos e filhotes de leões abandonados. Passeios a cavalos , caminhadas e trilhas por entre as paisagens naturais, além de visitas a vinícolas com degustações fazem parte do roteiro da cidade, que fica no sopé da extensa cordilheira de Drakensberg, na província de Limpopo.

SERVIÇOS:
https://kapama.com/kapama-river-lodge/
As tarifas para as suítes Deluxe de 60m2 variam de 10.250 (R$ 2.700) a 13.500 rands (R$ 3.600)
As tarifas diárias incluem: Pequeno-almoço, almoço e jantar, 2 safaris diários, um passeio guiado pelo mato, bebidas locais e premium selecionadas, bem como transporte gratuito do aeroporto de Hoedspruit para os hóspedes que chegam de avião. As diárias não incluem: Taxa de conservação de 350 rands (R$ 95)

O QUE FAZER EM CAPE TOWN (CIDADE DO CABO)

Vista do bondinho que leva à Montanha da Mesa, localizada na Cordilheira do Drakensberg — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Montanha da mesa (Table Mountain) – Localizada na costa sudoeste da África do Sul, a Cidade do Cabo é considerada uma das cidades mais lindas do mundo como destino único e imperdível para os viajantes ávidos por desbravar as belezas e a rica cultura sul-africana, além de sua paisagem espetacular que inclui vinhedos, montanhas e praias. Por diversos ângulos nos remete à “Cidade Maravihosa” do Rio de Janeiro e tem como uma das atrações de tirar o fôlego a visita à Montanha da Mesa, acessível de bondinho com sistema similar ao do Pão de Áçucar .

Do alto da cordilheira deste marco icônico, com pouco mais de 1 mil metros de altitude, é possível se deparar com deslumbrantes vistas da cidade como o encontro do Oceano Atlântico e o Índico ao fundo. O passeio pela montanha da mesa inclui trilhas para caminhadas do solo até o seu topo e também a comodidade do teleférico até o cume, onde as vistas panorâmicas da cidade e do litoral são um deleite para se fazer boas imagens.

Uma das plantas mais antigas do mundo, a protea é a flor-símbolo da África do Sul e representa transformação e esperança — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Observar as aves e a flora do local também está no roteiro, já que há uma variedade grande de pássaros, plantas endêmicas e flores silvestres. O turista pode ainda, se desejar, fazer um piquenique ao redor da montanha. Há quem busque o cenário para realização de casamentos, aliás, super concorrido em diversas épocas do ano.

Por seu clima mediterrâneo , que vai de um verão quente e seco a um inverno suportável e às vezes chuvoso, Cape Town se apresenta atraente durante todo o ano. E opções para se esbaldar nessa cidade não faltam. Cercada por algumas das melhores regiões vinícolas da África do Sul , como Stellenbosch, Franschloek e Constantia, onde se pode degustar renomados vinhos durante o passeio guiado ou feitos de bicicletas elétricas pelos intermináveis vinhedos que compõem a paisagem.

Babuínos são uma atração à parte no Cabo da Boa Esperança e costumam ‘invadir’ carros de turistas desavisados — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Mas se o visitante ainda estiver afim de (mais) emoção, diversos lugares oferecem aventuras ao ar livre como surf, mergulho, caminhada, parapente , escalada e observação de baleias austrais. Os restaurantes gourmetizados oferecem uma mistura de influências africanas, europeias e asiásticas , tanto da culinária local quanto da cozinha contemporânea e internacional.

Um dos locais mais instigantes de se visitar em Cape Town é o V & A Waterfront, bairro descolado de varejo, restaurantes e entretenimentos , com galerias , museus e o melhor de tudo: uma cena ergogastronômica (harmonização do vinho e do prato na mesma refeição) para se esbaldar, desde os quiosques mais simples ao bistrôs mais requintados, tudo isso numa zona portuária à beira-mar, de onde saem passeios de catamarã regados a espumantes, com chances de se avistar as baleias austrais que por ali circulam nas águas gélidas da África do Sul. Dali, se é possível chegar até a divisa com o Oceano Índico (Cabo das Agulhas). Há também passeios de barcos que partem do cais para visitar a Ilha Robben, onde Mandela ficou preso durante o Apartheid.

Ainda se destaca no Waterfront o Two Oceans Aquarium, cujo nome faz uma reverência ao encontro do Atlântico e Índico, e reúne mais de cinco mil espécies de animais, entre os quais pinguins e tubarões, que também podem ser avistados em algumas praias.

Pôr do sol visto de uma catamarã em passeio que leva ao encontro dos Oceanos Atlântico e Índico — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

Para os amantes da história, visitar o Cabo da Boa Esperança é viajar ao passado das grandes navegações e de suas relações com o Brasil na era das descobertas portuguesas e abertura de uma nova rota marítima para o Oriente, capitaneada em 1488 pelo navegador Bartolomeu Dias, que dá nome ao Farol de Dias, construído em 1859 e que segue em operação até hoje.

Por ser palco de diversas batalhas entre potências coloniais europeias, como holandeses, britânicos e franceses, o local abriga diversos naufrágios de navios, inclusive alguns em exposição que relata como se sucedeu a colonização inglesa da região.

Placa que marca o ponto mais ao sul do continente africano no Cabo da Boa Esperança — Foto: Daniel Biasetto/O GLOBO

O Cabo da Boa Esperança é uma reserva natural protegida e seu parque nacional abriga diversas espécies de flora e fauna, incluindo os onipresentes e arteiros babuínos, aves marinhas, antílopes, focas e baleias durante determinada época do ano. Um registro obrigatório deve ser feito ao visitar a placa que marca o ponto mais ao sul do continente africano. Há ainda possibilidade de se explorar a região e seus campos por meio de bicicletas alugadas.

— O que faz Cape Town tão especial é justamente a diversidade de opções que a cidade oferece, em vários sentidos. Um geografia com mar, montanha, parques e reservas naturais, gastronomia internacional e de alta qualidade, alguns dos melhores vinhos do mundo, população jovem e com estilo de vida bastante ativo, muitos eventos e festivais de arte, musica, cultura e arte, tudo isso com valores muito mais acessíveis que a maioria dos destinos internacionais geralmente procurados pelos brasileiros — afirma Babi Braz, gaúcha e dona de uma agência de turismo.

A gaúcha Babi Braz, dona da agência Let’s Bora, especializada em turismo na África do Sul — Foto: Arquivo Pessoal

— As opções de lazer e atividades dependem muito do perfil, estilo e momento de vida do viajante, mas sem duvida é o destino perfeito para quem gosta de natureza, praia, aventura e boa gastronomia, os meus essenciais no roteiro seriam: Trilhas – Lions Head é a favorita, Vinícolas, Praias, incluindo Boulders Beach e Llandudno, Camps Bay para bons restaurantes e um pouco de badalação, passeio de barco ou caiaque para ver Cape Town a partir do oceano — finaliza.

SERVIÇOS:
https://www.tablemountain.net/
https://www.waterfront.co.za/

Mais sobre a África do Sul:

  • Nome oficial: República da África do Sul
  • Extensão territorial: 1.221.037 km²
  • Capital: Pretória (Executiva), Cidade do Cabo (Legislativa) e Bloemfontein (Judiciária)
  • Moeda: Rand sul-africano (R$ 1 equivale a R 3,71)
  • Governo: república parlamentarista
  • População: Cerca de 58 milhões de habitantes
  • Idioma: africâner e inglês (principais), além dos locais (vide acima)
  • Fuso horário: UTC+2
  • Voos da Latam – São Paulo – Johannesburo: A partir de R$ 4.162 (ida e volta)

 

Fonte: O Globo
Foto: Canva

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