De um lado, a acachapante Table Mountain e as charmosas ondulações dos Doze Apóstolos. Do outro, as águas azuis – e congelantes – onde o Atlântico e o Índico se misturam. Em poucos lugares do mundo mar e montanha convergem como na Cidade do Cabo, que poderia se valer apenas das belezas naturais para encantar o mais exigente dos viajantes.
Por isso, todos os outros predicados da metrópole mais linda do continente africano têm gostinho de bônus: a arquitetura colorida, a cena gastronômica, os vinhos de primeira e os museus interessantíssimos que abordam a complexa história do país. Ou seja, estamos falando de um caso raro em que é possível ter natureza e cidade em níveis absurdos de satisfação.
Tudo isso por muito menos do que se gastaria em uma viagem aos Estados Unidos ou à Europa. E ainda: a apenas sete horas e meia de São Paulo no novo voo direto da South African Airways, lançado em outubro. É mais rápido do que ir a Miami e você nem precisa de visto. Para entrar na África do Sul, basta apresentar o Certificado Internacional de Vacina contra a Febre Amarela e, claro, o passaporte.
Com essa facilidade, não duvido que muita gente fique tentado a conhecer o destino em um feriado prolongado. Olha, vale a pena. Assim como vale a pena passar uma semana, um mês ou mesmo um ano sabático por lá. A seguir, você encontra dicas para montar um roteiro de acordo com seu tempo e interesses:
5 PROGRAMAS IMPERDÍVEIS NA CIDADE DO CABO
- Subir a Table Mountai
- Pegar praia em Camps Bay, aos pés dos Doze Apóstolo
- Dirigir pela Chapman’s Peak Drive rumo ao Cape Point
- Flanar pelo Victoria & Alfred Waterfront
- Fotografar o colorido de Bo-Kaap
VICTORIA & ALFRED WATERFRONT
Muitas vezes o centro corresponde ao coração de uma cidade. Na Cidade do Cabo não é assim, pelo menos do ponto de vista turístico. Quem desempenha esse papel é o Victoria & Alfred Waterfront, charmoso bairro portuário onde se concentram restaurantes, bares, lojas e uma quantidade considerável de hotéis. Pode lembrar o Fisherman’s Wharf em San Francisco, com a diferença que a versão sul-africana tem a Table Mountain como pano de fundo.
Não à toa, esse foi o local escolhido para receber a primeira unidade africana do Time Out Market, que abriu as portas em novembro de 2023. Antiga estação de energia, a construção de dois andares passou por reformas para receber 13 restaurantes e 4 bares.
Praticamente colado a ele está o The Watershed, um galpão com pé-direito alto que abriga mais de cem barracas e quiosques vendendo artesanatos, peças de design, objetos de decoração, roupas, acessórios e brinquedos (os bichos de pelúcia coloridos de animais africanos são uma graça). Os preços são mais altos do que em lojinhas de souvenires “made in China” que você vai encontrar espalhadas pela cidade, mas a qualidade é bem superior.
Juntos, Time Out Market e The Watershed formam uma dobradinha mais autêntica que o Victoria Wharf Shopping Centre, o maior centro de compras do pedaço com grandes grifes, fast foods e joalherias: por ali, tudo o que reluz é ouro e diamante.
O Diamond Museum (200 rands*) faz um mergulho nesse tema e também fica no Victoria & Alfred Waterfront. Mas “o” museu do pedaço é sem dúvida o Zeitz MOCAA (250 rands), maior museu de arte contemporânea do continente africano. Para quem viaja com crianças, o Two Oceans Aquarium (235 rands) exibe a diversidade marinha dos oceanos Atlântico e Índico.
ROBBEN ISLAND
Robben Island é a ilha a onze quilômetros do continente onde Nelson Mandela ficou preso por 18 anos. Por 600 rands, os ingressos já incluem o trajeto de ida e volta de ferry, que parte diariamente às 9h, 11h e 13h (há uma saída adicional às 15h de setembro a abril) do Nelson Mandela Gateway, no Victoria & Alfred Waterfront.
Ao desembarcar na ilha, os visitantes pegam ônibus que passam pelos pontos históricos, como prédios construídos pelos próprios prisioneiros da década de 1960, o cemitério onde enterravam os mortos por lepra e a ala de segurança máxima. O passeio termina na cela de Nelson Mandela. O tour dura três horas e meia, incluindo as viagens de barco.
CENTRO, DISTRICT SIX E BO-KAAP
Por mais atraente que seja o Victoria & Alfred Waterfront, dar as costas a outros bairros da Cidade do Cabo é um erro. No centro, um roteiro básico inclui garimpar lembrancinhas no Greenmarket Square, bater perna no parque Company’s Gardens, dar uma espiada no Castelo da Boa Esperança (forte erguido pela Companhia Holandesa das Índias Orientais no século 17) e também no prédio da prefeitura, onde uma escultura de Nelson Mandela marca o balcão onde ele discursou logo após deixar a prisão, em 1990.
A dica é combinar o passeio pelo centro com uma visita ao pequeno e imperdível District Six (60 rands), museu que conta a história do bairro homônimo onde está localizado. Durante o apartheid, 60 mil pessoas que moravam ali foram expulsas à força porque determinou-se que a área deveria ser ocupada exclusivamente por pessoas brancas. A visita é inquietante e muito tocante.
Outro importante capítulo da história da Cidade do Cabo está preservado em Bo-Kaap, que também merece uma dobradinha com o centro. Originalmente, as casas do bairro eram pintadas de branco e arrendadas pelos holandeses para escravizados, muitos vindos do Sudeste Asiático. Quando essas pessoas passaram a poder comprar suas moradias, as fachadas ganharam tons vibrantes, como uma expressão de felicidade e liberdade. Durante o regime de segregação racial, o bairro foi reservado aos malaios (muçulmanos negros, na classificação do apartheid), que ainda são maioria por ali.
Além de zanzar pelas fotogênicas casas coloridas, dá para provar samosas, comprar especiarias e ouvir o chamado para a reza saindo dos minaretes das mesquitas. Esse foi o único lugar na Cidade do Cabo onde o meu guia fez recomendações em relação à segurança: não deixar pertences no carro, colocar a bolsa na frente do corpo e não dar bobeira com o celular na mão. Tomando esses cuidados, dá para conhecer por conta própria numa boa, mas quem prefere ir em grupo ou simplesmente gosta de informações mais detalhadas pode fazer um dos passeios guiados gratuitos do Free Walking Tours (ao final, é de bom tom fazer uma contribuição ao guia).
BREE STREET E FIRST THURSDAYS
A vida noturna não é exatamente o ponto forte da Cidade do Cabo, onde todo mundo costuma se recolher cedo para aproveitar o dia. Mas há algum burburinho na Bree Street, rua no centro onde estão enfileirados restaurantes e barzinhos badalados, ainda que muitos estabelecimentos tenham fechado as portas da pandemia para cá. A melhor oportunidade de badalar é nas “First Thursdays”, ou seja, na primeira quinta-feira do mês, quando bares investem em shows ao vivo. Além disso, algumas galerias de arte ficam abertas até mais tarde (consulte a programação).
WOODSTOCK
Onde quer que estejam no mundo, os bairros considerados cool costumam ter alguns elementos em comum. Muitas vezes ficam nos subúrbios, em regiões que ganharam um novo propósito com o tempo, e possuem uma forte cultura local, com comércios, restaurantes e bares descolados no lugar de lojas de redes.
Considerando tudo isso, Woodstock pode ser descrito como o bairro cool da Cidade do Cabo. Ao lado de belas casinhas vitorianas, há fábricas desativadas como a Old Biscuit Mill, que produzia biscoitos e atualmente recebe o Neighbourgoods Market aos sábados das 9h às 18h e aos domingos das 10h às 18h. Ao som de DJs, capetonians e visitantes garimpam achados em barracas e quiosques com uma ótima curadoria de roupas, acessórios e peças de design.
Depois, o programa é sentar nas amplas mesas comunitárias para tomar uma cerveja, pedir uma comidinha e desfrutar. Há opções para comer no local e também para levar – para quem está hospedado em Airbnb, não é nada mal comprar um pão artesanal para mais tarde.
Como bairro cool por excelência, Woodstock também tem uma porção de grafites concentrados na Albert Road, Victoria Road, Barron Street e Essex Street. Para mais informações sobre os painéis, seus artistas e a região de maneira geral, vale fazer um dos passeios da Juma Art Tours (a partir de 400 rands). Aficionados por arte também podem gostar de espiar galerias como a SMAC e a Stevenson. Outro programa bacana é fazer uma degustação de cerveja ou gin na destilaria Distillers & Union (a partir de 95 rands).
TABLE MOUNTAIN, LION’S HEAD E SIGNAL HILL
Um passeio que você não vai querer perder é a subida à Table Mountain, que junto com a Amazônia e as Cataratas do Iguaçu é uma das Sete Maravilhas Naturais do Mundo. Para isso, é importante não deixar para última hora e aproveitar o primeiro dia de céu aberto para subir: venta muito na Cidade do Cabo, a neblina chega sem aviso prévio e o teleférico que faz o trajeto fecha quando o clima não está propício (o site informa se a atração está aberta e dá acesso a uma câmera ao vivo para checar a visibilidade; consulte antes de sair).
Os ingressos podem ser comprados pelo site e utilizados no prazo de sete dias a partir da data escolhida. Custa 420 rands para visitas na parte da manhã (8h às 13h) e 360 rands à tarde (13h até o fechamento, que varia dependendo da época do ano; veja aqui). Comprando pelo site, você evita a fila da bilheteria, mas ainda terá que enfrentar a fila do teleférico. A dica é chegar o mais cedo possível, perto do horário de abertura, ou então comprar o ingresso que dá direito ao fura-fila por 950 rands.
O barato do teleférico é que ele gira 360° à medida que sobe e desce. Assim, você aprecia a vista tanto do mar quanto da montanha, independente de onde estiver dentro da cabine. Lá em cima, há um circuito passando por vários mirantes, cada um com um enquadramento mais lindo que o outro.
Há ainda quem se aventure a subir ou descer a Table Mountain a pé e por isso existem também ingressos do teleférico de um só trecho (240 rands). A trilha é gratuita, mas não subestime a dificuldade: pode levar de duas horas e meia a quatro horas, a depender do seu ritmo.
Uma das formações rochosas que se vê do alto da Table Mountain é Lion’s Head. Nesse caso não há teleférico, mas a trilha até o topo é um pouco mais rápida. Em alguns trechos, porém, é preciso escalar com a ajuda de escadas e correntes presas às pedras.
Aproveite o dia bonito e siga para Signal Hill. Ali você conseguirá enquadrar Table Mountain e Lion’s Head em uma única foto, além de ver o sol se pondo no mar. A quem interessar: Signal Hill também é ponto de partida para voos de paragliding.
PRAIAS DO LADO OESTE
Não bastassem as montanhas e os bairros cheios de vida, a Cidade do Cabo ainda tem praias de areia branca e mar azulíssimo, calmo em alguns trechos e com boas ondas para surfe em outros. Bebidas alcoólicas na areia são proibidas, mas a farofa está liberada.
Se você acha o mar de Arraial do Cabo gelado, saiba que na praia fluminense a temperatura da água fica entre 20ºC e 27ºC, o que é “morninho” quando comparado à mínima de 14ºC e a máxima de 21ºC da Cidade do Cabo.
As praias mais próximas ao centro e ao Victoria & Alfred Waterfront ficam no bairro de Sea Point. Um extenso calçadão à beira-mar, onde as pessoas caminham, correm e se exercitam em aparelhos ao ar livre, interligam as praias Rocklands, Milton, Sunset, Queens e Saunder’s Rocks, todas bastante pedregosas e, por isso, não convidativas para o banho.
Vale mais a pena se dirigir ao sul rumo às paisagens matadoras de Clifton e Camps Bay. Um dos bairros mais caros e exclusivos de todo o continente, Clifton não tem muito comércio: é tomado por mansões e apartamentos de luxo, que começam já na areia e vão subindo o morro, sempre com vista para o mar. Dividida em quatro trechos, a praia ali tem como diferencial o fato de ser mais protegida do vento, que pode ser bem forte na Cidade do Cabo.
Já Camps Bay é a praia mais famosa, mais movimentada e mais bonita. Os Doze Apóstolos servem de pano de fundo para uma faixa de areia extensa, ladeada por um calçadão e uma boa oferta de restaurantes e bares. Em compensação a água é especialmente gelada e os vendedores ambulantes são insistentes.
Para mais sossego, continue em direção ao sul. Atrás dos Doze Apóstolos se esconde a praia de Lllandudno, com boas ondas para surfe.
CABO DA BOA ESPERANÇA E CAPE POINT
Um dos acontecimentos mais importantes da história da navegação marítima foi quando o português Bartolomeu Dias alcançou o Cabo da Boa Esperança, até então chamado de Cabo das Tormentas, abrindo caminho para as travessias entre o Atlântico e o Índico.
O local fica dentro do Parque Nacional da Table Mountain (400 rands), mas nesse pedaço você estará a uma distância de 56 quilômetros do teleférico. A melhor maneira de chegar lá é por tour guiado ou carro alugado.
O Cabo da Boa Esperança está sinalizado por uma placa de madeira que eu esperava ter como pano de fundo um mar revolto de fazer qualquer membro da família Klink tremer na base. Mas o que encontrei naquele dia foram águas serenas, ainda que ventasse bastante.
A paisagem é mais impressionante a cerca de dez minutos de carro ou meia hora a pé, em Cape Point. Além de ser a base principal do parque (com estrutura de banheiro, loja de lembrancinhas, café e restaurante), ali parte uma trilha de menos de um quilômetro, mas bastante íngreme, até um antigo farol. A vista para o mar, somada ao esforço da subida, me tiraram o fôlego. O percurso também pode ser feito a bordo de um funicular (95 rands).
Quem tiver fôlego pode continuar caminhando por mais um quilômetro até chegar pertinho do novo farol (mas nesse caso, sem opção de funicular).
Outra atração é a praia Diaz, entre o Cabo da Boa Esperança (1,2km de trilha) e o Cape Point (700m de trilha). Ali, se aventuravam surfistas com roupas de neoprene que até então eu só tinha visto no Canal Off: com uma espécie de capuz que cobre o topo da cabeça e as orelhas, o traje só deixa as partes essenciais do rosto de fora, de tão gélida que é a água.
Por mais bonita que seja a paisagem, fazer um piquenique não é recomendado. O parque é habitado por babuínos, que podem ficar violentos quando o assunto é a comida alheia. Minha colega Adriana Setti teve um encontro com esses macacos quando esteve por lá e o relato é tragicômico, mas poderia ter terminado mal.
CHAPMAN’S PEAK DRIVE
Apelidada de “Chappies” pelos sul-africanos, a Chapman’s Peak Drive figura na lista das estradas mais bonitas do mundo. O trajeto de apenas nove quilômetros, que liga os bairros de Hout Bay e Noordhoek, acompanha 111 curvas sinuosas da encosta da montanha, a 250 metros do mar.
Geralmente o caminho é feito em 25 minutos porque é preciso ir devagarinho, tanto para evitar acidentes quanto para curtir as vistas espetaculares. Antes de sair, consulte o site, que informa se a estrada está aberta e como estão as condições climáticas.
Você pode percorrer a Chapman’s Peak Drive na ida ou na volta do Cabo da Boa Esperança. O visual é mais bonito na volta, quando você estará do lado esquerdo da pista, mais próximo do mar (a mão é inglesa).
PRAIAS DO LADO LESTE (FALSE BAY)
O Cabo da Boa Esperança também pode ser combinado com as praias que ficam do lado leste da Cidade do Cabo, em torno da baía chamada de False Bay.
A parada mais popular é em Simon’s Town porque não há quem não se renda à fofurice dos pinguins-africanos que habitam a Boulders Beach (190 rands). A partir de plataformas de madeira construídas sobre a areia, os visitantes observam o andar desengonçado dos bichinhos na areia, que vez ou outra também entram na água e se deixam levar pelas ondas – impossível não lembrar da animação sobre pinguins surfistas, Tá Dando Onda.
Surfistas têm o seu point na praia de Muizenberg. Além das boas ondas, o lugar chama atenção pelas casas de madeira coloridas enfeitando a faixa de areia, que servem como vestiários e local para guardar pranchas de surfe.
CONSTANTIA E KIRSTENBOSCH
A Cidade do Cabo é cercada por uma renomada região vinícola conhecida como Cape Winelands. Mas é possível conhecer uma porção de vinícolas sem sequer sair da cidade no distrito de Constantia. A começar pela Groot Constantia, fundada em 1685, que é a mais antiga do país.
Ali são realizadas degustações de cinco vinhos (130 rands), que podem ser harmonizadas com chocolates (200 rands). No dia da minha visita, a experiência deixou um pouco a desejar: as explicações foram um tanto apressadas e superficiais. Mas valeu pela oportunidade de provar o Grand Constance, um vinho de sobremesa doce e licoroso que era o favorito de Napoleão durante o período em que ficou exilado na ilha de Santa Helena, um território britânico ultramarino (815 rands a garrafa de 375ml).
Também é imperdível caminhar pela belíssima propriedade, o que você pode fazer de graça e por conta própria. Nunca vi tantas borboletas em um só lugar, que voavam sobre as enormes proteas, flor nativa da África do Sul. Não deixe de visitar os vinhedos, o antigo casarão em estilo holandês e a adega – nesses três lugares, são disponibilizados gratuitamente audioguias.
Outras vinícolas históricas da região são a Constantia Uitsig, que assim como a Groot Constantia remonta a 1685, e a Buitenverwachting, em funcionamento desde 1796. Já a moderna Beau Constantia se destaca pela vista para False Bay, enquanto a Constantia Glen é uma vinícola boutique e a Eagles’ Nest possui os vinhedos mais íngremes da região, variando de 100 a 400 metros acima do nível do mar.
Vale combinar a visita às vinícolas com o jardim botânico Kirstenbosch (220 rands; ingressos aqui), com espécies de plantas nativas e obras de arte. O programa é ainda mais especial durante o verão, quando os Summer Sunset Concerts animam os finais de tarde de domingo com shows: a turma leva toalhas, comidinhas e vinhos para assistir fazendo um piquenique. Os ingressos custam a partir de 230 rands, dependendo de quem vai se apresentar. Dica: ao longo do ano, de segunda a sexta-feira, há tours guiados gratuitos às 10h e às 14h.
ONDE FICAR NA CIDADE DO CABO
Um dos hotéis mais icônicos da Cidade do Cabo, o Table Bay (nota 8,4/10 no Booking) foi inaugurado por Nelson Mandela em 1997 e fica no coração do Victoria and Alfred Waterfront. Da rede sul-africana Sun, ele possui uma decoração mais classicona: um dos pontos altos é o lobby, que termina em um enorme paredão de vidro emoldurando a Table Mountain. Os quartos são espaçosos e o buffet de café da manhã é o maior e mais variado que já vi, com direito a ostras frescas e sushis. O hotel possui uma conexão direta ao Victoria Wharf Shopping Centre: você sai do lobby e vai parar direto em um dos corredores de lojas.
Para quem pode pagar por ainda mais luxo, outra opção na região é o One & Only (8,8/10), único da cidade que pode ser considerado um resort. Bem em frente ao Two Oceans Aquarium, possui uma enorme piscina de borda infinita, um spa monumental em uma espécie de ilha privativa e o restaurante Nobu. Já o Cape Grace (8,9/10), cercado de água em três lados, é relativamente menor que os outros dois hotéis já citados, mas igualmente luxuoso e dono de quartos modernos.
O edifício do Zeitz Museum of Contemporary Art, ainda no Victoria and Alfred Waterfront, abriga dois hotéis. The Silo (9,7/10) ocupa os seis andares superiores e possui apenas 28 quartos, onde chamam atenção os móveis em cores vibrantes e as obras de arte arrojadas. Com diárias bem mais em conta, o Radisson RED (8,7/10) fica em um anexo com piscina no rooftop e tem acomodações modernas e básicas, decoradas em vermelho, preto e branco.
No centro, o Cape Heritage Hotel (9,1/10) fica em um casarão de 1780 em plena Bree Street, com apenas 17 quartos que preservaram os ares antigos ao mesmo tempo que ganharam toques modernos. Já no econômico La Rose Bed & Breakfast (9,3/10), em Boo-Kap, são nove quartos que homenageiam uma cultura diferente cada um, através de objetos colecionados pelo casal de proprietários.
Entre Boo-Kap e o Victoria and Alfred Waterfront, o The Grey Hotel (8,5/10) tem quartos descolados com ótimo preço e piscina no rooftop com vista para a Table Mountain. Também relativamente perto do Victoria and Alfred Waterfront, mas nesse caso aos pés do Signal Hill, o The B.I.G. Backpackers (9,1/10) possui uma mescla de quartos privativos e dormitórios compartilhados, além de cozinha compartilhada e piscina. Toda a decoração é uma graça, com uma mistura de móveis de madeira e objetos em palha.
Para quem quer se hospedar mais perto da praia, o Hotel on The Promenade (9,4/10), é um hotel boutique no andar de cima de um bistrô, bem no coração de Sea Point. Já em Camps Bay, uma opção é o South Beach Camps Bay Boutique Hotel (9,1/10), que tem quartos com cozinha. Em Sea Point, Clifton e Camps Bay, também vale dar uma olhada no Airbnb, com várias opções de apartamentos vista mar.
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ONDE COMER NA CIDADE DO CABO
No Victoria and Alfred Waterfront, o GINJA foi uma ótima pedida para o meu primeiro jantar na Cidade do Cabo. Do menu variado escolhi um nhoque de abóbora frito ao molho branco que estava surpreendentemente leve. Vale a pena tentar garantir uma mesa ao ar livre, já que o restaurante fica bem de frente para a Table Mountain.
A vista também é destaque no Den Anker, restaurante belga que convida a tomar uma boa cerveja acompanhada de frutos do mar — de preferência, os moules marinières (mexilhões ao vinho branco servidos com batatas fritas).
Em outra noite, conheci o Nobu que fica dentro do hotel One & Only. Foi a minha primeira vez em uma unidade da rede internacional do famoso chef Nobu Matsuhisa e a experiência não deixou nada a desejar. Os sashimis são impecáveis, como já era de esperar, assim como as carnes. Não deixe de provar a deliciosa salada de espinafre crocante, que descobri ser um dos pratos mais pedidos em todo o mundo.
O Gold não fica exatamente no Victoria & Alfred Waterfront, mas está relativamente próximo (como as ruas ficam desertas à noite, vale a pena chamar um Uber) e se autodenomina uma experiência africana imersiva: trata-se de um menu degustação de 14 etapas, com pratos típicos do continente, acompanhado de performances de música e dança. Ao mesmo tempo que parece um programa furado, o estabelecimento acumula boas avaliações de viajantes de todo o mundo. Não fui, mas fica a dica caso você queira tirar a dúvida.
O Mzansi é um restaurante mais low-profile e bem conceituado que ocupa um sobrado simples no centro e trabalha com buffet de comidas típicas africanas. Por lá também costuma haver apresentações de músicas.
Falando em pratos locais, o Gatsby é um sanduíche muito típico da Cidade do Cabo e tão extravagante quanto o personagem do livro de Scott Fitzgerald. O pão grande (ao estilo da rede de fast food Subway) é recheado com batatas fritas, vegetais, queijo, ovo e diferentes tipos de carne, que pode ser bovina ou de frango. Você pode customizar como quiser, mas o resultado geralmente é tão voluptuoso que é comum dividir o lanche entre duas ou três pessoas. Um dos melhores lugares para provar é na Mariam’s Kitchen.
Ainda no centro, o Hemelhuijs é um refúgio de paz com temática botânica: as paredes são pintadas de rosa e há um painel suspenso no teto com hortênsias coloridas. O menu é de brunch, com saladas, wraps e doces.
Já o Carne é favorito entre os carnívoros. O restaurante é comandado pelo italiano Giorgio Nava, que segue o minimalismo típico de seu país: as carnes grelhadas levam sal, pimenta e nada mais e são servidas com um acompanhamento à escolha (batata frita, purê de batata, espinafre, brócolis ou salada).
Na badalada Bree Street, o bistrô Grub & Vine tem uma das melhores cartas de vinho da cidade. Encarei o menu degustação de seis etapas harmonizado, que foi uma ótima forma de me familiarizar com os rótulos sul-africanos.
O bairro de Woodstock vem chamando atenção na cena gastronômica. Dentro do The Old Biscuit Mill estão os hambúrgueres e as cervejas artesanais do Redemption e os chineses baos, pães cozidos no vapor recheados com legumes ou carne de porco, do How Bao Now. A quinze minutos de caminhada dali, o Scarpetta é um italiano comandado por Ricky Turilli, que prepara as massas e depois passa em cada mesa cumprimentando os clientes e apresentando os especiais do dia.
Há mais uma oferta enorme de restaurantes em Sea Point. Os moradores locais gostam de frequentar o Mojo Market, uma espécie de praça de alimentação com longas mesas comunitárias e opções que vão da pizza e hambúrguer a sushi e shawarma. Há sempre música ao vivo e telões exibindo partidas esportivas.
Outra experiência local é ir ao Snoekies, em funcionamento desde 1951, e pedir o fish and chips, prato típico típico da culinária britânica que também caiu no gosto dos sul-africanos. O Ristorante Posticino é mais um hit do bairro: desde 1998 serve pizzas e massas. Para um jantar em ambiente mais sofisticado, o NV-80 Grill & Bar é especializado em carnes.
Em Camps Bay, os restaurantes ficam enfileirados na beira da praia e são especialmente disputados durante o pôr do sol. Alguns dos mais famosos e badalados, daqueles para quem quer ver e ser visto, são o Café Caprice e o Paranga, mas há quem reclame da lotação e do serviço.
Tive uma boa experiência no Mantra Café, com pratos de peixes e frutos do mar. Vale conhecer ainda o elogiadíssimo Codfather Seafood & Sushi, onde não há menu: as diferentes opções de sushi do dia são exibidas em um balcão giratório.
Quando estiver fazendo degustações nas vinícolas de Constantia ou for conhecer os jardins de Kirstenbosch, não deixe de programar uma parada para o almoço no Foxcroft. Além do ambiente ser uma delícia (tente pegar uma das mesas do lado de fora, na sombra dos guarda-sóis), o serviço é atencioso e o preço, justo. Quando estive por lá, o menu degustação de seis etapas saiu por R$ 230 com tataki de atum, crispy de cogumelo, risoto com pecorino e guanciale, cordeiro, tiramisù e cheesecake de limão, todos executados com perfeição.
SUGESTÕES DE ROTEIROS NA CIDADE DO CABO
Aproveite o primeiro dia de céu aberto para visitar a Table Mountain. Depois, você pode escalar Lion’s Head ou curtir o visual das duas formações rochosas a partir de Signal Hill. À tarde, explore o centro da Cidade do Cabo e estenda o passeio para o District Six ou Bo-Kaap.
No segundo dia, conheça as praias do lado Oeste: Sea Point, Clifton e Camps Bay. Ao entardecer, perambule pelo Victoria & Alfred Waterfront e fique para jantar.
O dia três da viagem pode ser dedicado a percorrer o Chapman’s Peak Drive rumo ao Cabo da Boa Esperança. No caminho de volta, vá parando nas praias do lado Leste: Boulders Beach e Muizenberg. O sentido inverso também funciona: você pode ir primeiro para as praias, depois para o Cabo da Boa Esperança e voltar pelo Chapman’s Peak Drive.
Com quatro ou cinco dias de viagem, considere os combos de passeio Robben Island + Woodstock e Constantia + Kirstenbosch. Dê preferência para ir a Woodstock em um sábado ou domingo, quando acontece o Neighbourgoods Market. Se for verão, tente ir ao Kirstenbosch para um dos Summer Sunset Concerts, que acontecem aos domingos.
COMO CHEGAR NA CIDADE DO CABO
A South African Airways tem voos diretos para a Cidade do Cabo saindo de São Paulo. Outra opção é pegar os voos da South African Airways ou da Latam para Joanesburgo, também a partir de São Paulo. De Joanesburgo para Cidade do Cabo, são cerca de duas horas de voo.
Veja as melhores opções de voos para Cidade do Cabo
COMO CIRCULAR PELA CIDADE DO CABO
O ônibus MyCiti conecta o aeroporto ao centro da cidade, além de ter paradas em Woodstock, Victoria & Alfred Waterfront, Sea Point, Clifton, Camps Bay e Llandudno. O pagamento é feito através de cartões MyConnect, que podem ser adquiridos e recarregados em quiosques nas paradas. Custa 88 rands por um dia, 202 rands por dois e 290 rands por sete.
Há ainda os ônibus turísticos City Sightseeing, com explicações em português. A linha vermelha circula pelo centro, Victoria & Alfred Waterfront, Sea Point, Clifton, Camps Bay e Table Mountain. A linha azul para nos mesmos pontos citados, com exceção da Table Mountain, e leva para o Kirstenbosch. A roxa, por fim, é conectada à azul e fica rodando entre as vinícolas Beau Constantia, Eagles’ Nest e Groot Constantia. Custa 279 rands por um dia e 379 rands por dois.
Para alugar carro, é preciso apresentar a Permissão Internacional para Dirigir (PID), apesar de na prática nem todas as locadoras pedirem. O trânsito flui bem, com alguns congestionamentos nos horários de pico. Lembrando que a África do Sul usa a mão inglesa, o que pode tornar a direção um pouco confusa no começo.
O Uber também funciona bem na cidade.
QUAL A MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR A CIDADE DO CABO
Vale a pena visitar a Cidade do Cabo o ano inteiro. O verão (dezembro a março), que corresponde com a alta temporada, tem clima seco e quente, ótimo para encarar as praias de água gelada. O inverno (junho a setembro) é chuvoso, mas os preços são menores, há menos gente e boas chances de ver baleias na cidade vizinha de Hermanus (principalmente de julho a agosto).
As estações intermediárias também são uma boa pedida: a primavera (setembro a dezembro) deixa a paisagem florida e o outono (março a junho) é a melhor época para mergulhar com tubarões-baleia.
DINHEIRO
Um real corresponde a 3,85 rands (consulte a cotação do dia). É costumeiro deixar 10% de gorjeta nos restaurantes.
IDIOMA
Há onze línguas oficiais no país, sendo o inglês, o africâner e o xhosa as mais faladas. O inglês é amplamente utilizado pela população e nas sinalizações.
Fonte: Viagem e Turismo